Cidades

Mudança no trânsito pode prejudicar mais de 100 mil passageiros em São Gonçalo

Publicada às 16h52 / atualizada às 15h19 (23/07)

Rota foi sugerida pelo Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER-RJ) para que rotas sejam desviadas para a via por conta das obras. Foto: Vítor Soares

Mais de 100 mil passageiros podem ser afetados pelas medidas apresentadas pelo Departamento de Estradas e Rodagens do Rio de Janeiro (DER-RJ), para solucionar o problema dos engarrafamentos e do atraso das linhas de ônibus, provocado pelas obras na RJ-104 (Rodovia Amaral Peixoto). A projeção é do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj).

O DER, responsável pelas intervenções na via, sugere que o tráfego seja direcionado para a BR-101 (Niterói-Manilha). No entanto, o sindicato explica que somente nos bairros de São Gonçalo afetados pelo recapeamento o problema vai atingir uma população de 69,5 mil dos bairros de Maria Paula, Novo México, Tribobó e Colubandê, que podem ficar sem acesso ao sistema de ônibus se a medida for implementada. Caso seja acrescentado os moradores dos bairros do Coelho e de Alcântara, vizinhos à obra e que também recebem seus reflexos, o quantitativo salta para 104,7 mil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Atualmente, circulam por essas localidades mais de 28 linhas, que transportam, diariamente, cerca de 63 mil passageiros. São trabalhadores de diversos setores econômicos, da Segurança Pública, estudantes, funcionários e pacientes de clínicas e hospitais, entre outros, que dependem do sistema de ônibus.

Segundo o Setrerj, até o momento, o DER-RJ não respondeu ao ofício encaminhado solicitando a transferência do horário da realização das obras para o período noturno.

“É no mínimo lamentável que o órgão estadual, que cuida da nossa malha rodoviária, não tenha conseguido perceber que a alternativa por ele proposta iria deixar os moradores de todas as localidades no entorno da rodovia RJ-104, ao longo de todo esse trecho em obras, sem transporte coletivo. Desviar o trânsito pela BR-101 só atende ao transporte individual. As próprias comunidades ribeirinhas da rodovia, através de associações de moradores, já começaram a nos procurar para dizer que eles dependem do transporte coletivo, não possuem carro particular e precisam dos ônibus para chegar ao trabalho”, afirma o presidente executivo do Setrerj, Márcio Barbosa.

O Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER-RJ) foi questionado e respondeu que recebeu o ofício enviado pelo sindicato e que, dentre as recomendações, sugere a execução das obras no período noturno. Porém, o departamento esclarece que é indiferente o horário de execução da obra, pois a interdição permanente se faz necessária da pista central.

Segundo órgão, as intervenções acontecem para implantação de um viaduto, cuja construção das rampas de acesso, com aproximadamente 8 metros de altura, impacta na escavação do trecho, construção do muro de contenção, preenchimento de aterro na rampa, até que seja viável a inclusão da estrutura do elevado.

O DER-RJ reforça ainda que, enquanto os serviços estiverem sendo executados, não há a viabilidade de trânsito na pista central naquele trecho, seja pela manhã ou à noite. As vias laterais seguem liberadas ao trânsito. O órgão diz que as intervenções ocorrem diretamente na RJ-104, sem impactos na distribuição das opções de transporte público no interior dos bairros, que seguem a regulamentação municipal.

Na última quarta-feira (21), técnicos do DER-RJ realizaram um monitorado do trânsito no horário de grande movimentação. Por volta das 18h30, do Km 9 (Colubandê) ao Km 13,5 (trecho de intervenção para instalação do viaduto) observou-se um aumento da viagem em 20 minutos. A sugestão de rota alternativa pela BR-101 é para minimizar os impactos no fluxo da região. A previsão de conclusão da obra é dezembro de 2021.

OFÍCIO

Um outro levantamento realizado pelo Setrerj, revelou que a origem dos engarrafamentos está nas obras de recapeamento da RJ-104, no trecho do Viaduto do Colubandê até a entrada do bairro de Maria Paula. Técnicos do Setrerj, que estiveram no local, registraram a extensão dos congestionamentos e os danos provocados pelo trânsito paralisado em vários horários do dia.

Os especialistas constataram, por exemplo, que o tempo médio de deslocamento do total de ônibus da linha 7721-D (Castelo/Rio-Santa Isabel/SG), entre 17h e 21h38, chega a 4h20m; o da 124-M (Niterói-Itaboraí), 4h18; e o da 511-Q (Imbariê-Niterói), 4h05. Nos horários das 9h às 21h, os veículos, que operam na linha 1721-D (Alcântara/SG-Candelária-Rio), com as obras, perderam nos congestionamentos 6h27 de tempo médio de viagem; e os da 484M (Alcântara-Niterói), 5h14.

Somente a empresa Fagundes, com as linhas 484-M (Alcântara-Niterói), 549-M (Santa Isabel-Niterói), 549MS (Sacramento-Niterói), 1721-D (Alcântara-Candelária), 572M (Jardim Catarina-Niterói), 3721-D (Alcântara-Botafogo/Rio), deixou de realizar, em apenas um dia, 203 viagens, em consequência dos atrasos dos coletivos parados nos congestionamentos, prejudicando cerca de 10 mil passageiros.

A pesquisa foi encaminhada pelo Setrerj ao DER-RJ, responsável pelas obras, anexada a um ofício no qual a entidade reconhece a importância da reestruturação da malha viária do Estado, mas pede que os trabalhos sejam realizados no período noturno, principalmente durante a madrugada, quando o tráfego de veículos é notoriamente menor.

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